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O guarda-chuva da meditação

  • Foto do escritor: Breno Xis
    Breno Xis
  • 5 de mai. de 2022
  • 2 min de leitura

O que é preferível na meditação: tranquilidade ou sabedoria?

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Robert Motherwell, Open Study #8, 1968

A palavra "meditação" é um guarda-chuva: nela cabem muitas visões, métodos e propósitos, por vezes antagônicos, complementares e/ou em estágios. Ao meu ver essa informação é crucial para nos liberar de uma possível visão monolítica da meditação, e recordar que a palavra em si, “meditação”, não tem um referente fixo e acabado, salvo pelo ponto de vista de certas tradições, que podem ser problematizadas.


Isso que chamamos “meditação” envolve, no mínimo, a mente. É a mente que medita. Mas o que é a mente? A mente, para meditar, requer, no mínimo, senciência: sensibilidade, um tipo de inteligência. Com essa capacidade, turbinada por outras faculdades, a mente vem a conhecer, inventar, produzir, medir, isto é, entrar em contato, perceber, pensar, elaborar, projetar, ver melhor, imaginar, ou seja, se fabricar e vir a ser como experiência.


Frequentemente, chegamos à meditação por força da cultura à nossa volta, e/ou pela via da busca pelo alívio/cessação do sofrimento, e/ou pelo desejo por melhor entendimento ético-epistemológico dos fenômenos que chamamos experiência. Ainda podemos procurar a meditação por razões estéticas, neuróticas ou para resolver questões de pertencimento, como o interesse por participação e reconhecimento por um grupo de pessoas.


Finalmente, é comum que na busca pela meditação como meio para lidar com o sofrimento sejam apresentadas duas vias, ao meu ver complementares: uma de estabilização, associada com o treinamento em tranquilidade ou calmo permanecer, que serve para estabilizar a pessoa de reatividades vãs ou que geram mais sofrimento. A segunda via refere-se ao aspecto de investigação propriamente dita das experiências ou dos fenômenos que parecem contribuir para a emergência da (reificação da) experiência.


Destas duas vias, a mais importante, em minha opinião, é a segunda, uma vez que a tranquilidade é passageira e tem a função de servir de base para o exame rigoroso e penetrante de premissas inexploradas e afetos (aflitivos ou outros) que fecundam e condicionam a experiência do sujeito. Pode-se dizer então que a tranquilidade é meio para o fim de ver melhor como a experiência e a confusão vêm a ser, gerando potencialmente o que pode ser chamada de inteligência liberativa que reconhece a natureza da mente, dos fenômenos e, portanto, da experiência.


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Breno Xis

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